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Da Paz

(texto original de Marcelino Freire adaptado al portuñol por David Benavidez. Fragmento de la obra Us Fio de Michel Croz. Interpretado por Verônica Loss)

Eu não sou da paz. Não sou mesmo, não. Não sou. Paz é coisa de bundiña. Não visto camiseta nenhuma, não, senhor. Não solto pomba nenhuma, não, senhor. Não venha me pedir para eu chorar mais. Secou. A paz é uma desgraça. Uma desgraça. Carregar essa rosa boba na mão, nada que ver. Vou não. Não vou fazer essa cara de chapada. Não vou rezar. Eu é que não vou tomar u parque. Nessa multidão. A paz não resolve nada. A paz marcha! A paz murcha. Para onde marcha? A paz fica bonita é na frontera da paz. Se quiser, vai você, diabo. Eu é que não vou atirar uma lágrima. A paz é muito organizada. Muy ciertita, pobrecita. A paz tem hora marcada. Vem governador participar. Vem prefeito. Vem intendente. Vou não. Não vou. A paz é perda de tempo. E o tanto que eu tenho para fazer hoje. Arroz e feijão. Arroz e feijão. Sem contar a costura. Meu juízo não está bom. A paz me deixa doente. Sabe como é? Sem disposição. Sinto muito. Sinto. A paz não vai estragar o meu domingo. A paz nunca vem aqui na Cuaró. Te diste cuenta? Fica lá, em Montevideu, nos bairro rico, e aquí se é que vem é na Sarandí. Está vendo? Um bando de gente. Dentro dessa fila demente. A paz é muito chata. A paz é uma bosta. Não fede nem cheira. A paz parece brincadeira. A paz é coisa de criança esperança: tá aí uma coisa que eu não gosto: esperança. A paz é muito falsa. A paz é uma senhora que nunca olhou na minha cara. Sabe a madame? A paz não mora no meu tanque. A paz é muito branca. A paz é pálida. A paz precisa de sangue. Sabe de uma coisa: eles que se fodam. É. Eles que caminhem. A tarde inteira. Porque eu já cansei. Eu não tenho mais paciência. Não tenho. A paz parece que está rindo de mim. viste? Com todos os terços. Com todos os nervos. Dentes estridentes. Reparou? Vou fazer mais o quê, hein? Hein? A minha vontade é sair gritando. Urrando. Soltando tiro. Juro. Meu Jesus! Matando todo mundo. É. Todo mundo. Eu matava, pode ter certeza. A paz é que é culpada. Sabe? Sabe nada, inocente.


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